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19 novembro, 2007

Conversa, fiada.

Pessoas,

escolhi o texto abaixo para iniciar o Fora do Metier. Ele não é bem a cara do espaço porque o local faz parte do metier. Por isso não trouxe dicas diretas do local, apesar de citá-lo. Lembrem-se, no entanto, que poderia conter acontecimentos interessantes ocorridos em algum lugar. Este foi o motivo para colocá-lo dentro do "Fora do Metier" [sem repetições por favor]. Aproveitei também para afinar coisas que pertencerão ao outro blog. O inusitado é que o acontecimento nunca aconteceu...

Não se assustem com o tamanho do texto. Ele é leve e interessante. Requer o mínimo de esforço. Vocês sabem que essas colunas do blog são estreitas e esticam o texto. Mesmo assim resolvi dividí-lo em duas partes, para facilitar.

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Estou aqui no Chalezinho, Shopping Salvador, “aquele mesmo” do Jardim de Alá, bebendo uns chopes e beliscando um queijo coalho com melaço.

Vim ao Salvador em busca de dois livros do Nelson Rodrigues. Como não os encontrei, decidi permanecer no shopping, observar o movimento e continuar a leitura de A bola corre mais que os homens, do Roberto da Matta. Na falta de uma companhia feminina ou dos amigos para uma boa conversa, foi o melhor programa encontrado para esta manhã que vai virando tarde.

Segundo chope na goela e algumas páginas lidas, bate a [ordinária] vontade de fumar. Adiei ao máximo, mas nunca o suficiente para deixar de atendê-la. Sozinho, deixar o lugar para fumar seria algo difícil, uma vez que é proibido dar umas baforadas dentro do shopping. Teria que pagar a conta, sair, voltar e abri-la novamente. Imaginava quantas vezes repetiria o feito. Sinceramente, não estava disposto a isto. Então, chamei a recepcionista e garçonete, cujo nome depois perguntei e descobrir ser Rosa.

– Amiguinha, por favor! Gostaria de ir na varanda fumar um cigarrinho. Pago logo ou deixo meu livro aqui na mesa e um documento em sua mão? - perguntei.

– Não, pode ir. Deixa o livro aí mesmo. - respondeu Rosa.

– E o documento? - insisti.

– Não precisa não, pode ir.

– Então tá. Olha meu livro aí que volto rápido. – recomendei enquanto deixava a mesa para saciar o vício.

É impressionante como as idéias começam a surgir de forma organizada quando relaxo, fumando. Inocentemente criei esta associação e, agora, tornei-me refém dela. Não consigo ler sem fumar. O cigarro entra na nossa vida por termos permitido algum dia. Insistimos e, ao longo do tempo, por meio das associações criadas, esse “merdinha” nos mostra todo seu poder de domínio – físico, químico e psicológico. “Vai de reto...”!!!

Pois bem. Pensava ser impossível sair para fumar sem pagar a conta, deixando apenas um livrinho como garantia. Lógico que não iria dar o “birro”, jamais! Primeiro porque o livro do Da Matta vale mais que os dois chopes consumidos. Segundo, pelo fator justiça arraigado em minha pessoa. Agradeço aos meus pais por me ensinarem a trilha reta da honestidade. Voltei, fiz um sinal para Rosa e continuei a leitura acompanhada do terceiro chope.

Na quarta tulipa bateu a vontade de “tiragostar” [foi quando pedi o coalho], acompanhada daquela de mi***, vocês sabem, “tirar água do joelho”. Teria que sair outra vez e como comentei, não queria pagar a conta cada vez que precisasse sair. Não iria embora, apenas ao banheiro e para variar, “fazer fumaça”.

– Rosa, ô Rosa. - chamei-a.

– Pois n...

– Pedi um queijinho, mas preciso ir ao sanitário. – completei interrompendo-a.

– Tudo bem, vou pedir pra segurarem um pouco. – respondeu sempre simpática.

Pensar naquilo que se passava na cabeça de Rosa e dos outros funcionários, vendo-me sair da mesa, era coisa minha. Imaginava a preocupação deles, temendo que fosse embora sem pagar porra nenhuma. O livro sobre a mesa poderia estar lido ou ser barato demais para cobrir os gastos. É tanta gente desonesta, tanto político ladrão e uma desigualdade social tão grande que a qualquer hora podemos tomar um calote.

Pelo meu lado, dizia ser honesto, filho de uma boa família e que o livro valia mais que os chopes e queijo consumidos, financeiramente falando e, muito mais, pelos valores [imateriais] agregados.

4 comentários:

Jeniffer Santos disse...

na proxima vz,me convida tah!
hauhauah ;D


eu tomo conta do livro!

*vivemos num país onde é raro pessoas confiarem nos outros,tb né...digamos q os fatos não ajudam...fiquei até surpresa que a moça tenha deixado vc ir e voltar várias vz...ela estava de bom humor,ou foi com sua cara..heheh!!

beijos Gui.
Otimo txt!

Guigus disse...

Segundo Ricardinho, eu era branco, bem vestido, etc.

Pode deixar. Convido sim, aí quem sabe inspiramos para terminar o vinho e poesia.

Ivani disse...

ainda bem q passamos....
ruim é ficar no meio do caminho!

bjoo

Jeniffer Santos disse...

já botei xatovaldo