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26 agosto, 2006

Outra quinta-feira

Pipipipi, pipipipi, pipipipi. Insiste o despertador, cinco da matina. Levanto, é o começo de mais um dia, outra quinta-feira. Outra mesmo, porque teria diferentes atividades e não apenas a faculdade. Às 16:00 horas a professora tinha marcado aula no Solar do Unhão e às 20:00 horas Marcelo Reis, da Casa da Photographia, exporia suas fotografias no Centro Cultural da Caixa, rua Carlos Gomes. Ignorar um convite feito pelo próprio Reis para a solenidade de lançamento de sua exposição, era no mínimo insensato. Planejava sair da faculdade por volta das 11:00 horas, passar em casa, tomar um banho, almoçar e rumar à minha programação cultural.
Às 14:00 horas ainda me encontrava na faculdade finalizando um trabalho de outra matéria. Liguei para casa na esperança do carro estar disponível, do banho e do almoço. Indisponibilidade constatada. Teria que ir de ônibus, sem problemas, abdicar do banho e me contentar com um lanchinho. Saltei atrás do Mercado Modelo, iria caminhar pela Contorno até o Solar, entretanto resolvi procurar antes o Queiroz – um maravilhoso repentista e poeta popular que admiro sobremaneira, parceiro do menestrel Bule-Bule – na frente do Mercado, onde fica a banca. Apesar da humildade da barraca, ali estão expostos tesouros, verdadeiras expressões da cultura popular. Das xilografias que guardam em suas páginas a Literatura de Cordel aos cedês (CD’s) recheados de poesia, côcos, sambas rurais, entre outras preciosidades. Queiroz não estava me disse um gentil senhor, conhecido como o Imperador do Cordel. Após alguma conversa agradeci com entusiasmo e prometi voltar para levar um de seus cordéis.

No Solar, alguns colegas aguardavam ansiosos a professora. Esperamos. Resolvi ir até o píer, a fim de me aproximar do mar e do sol, cada vez mais próximo do horizonte. Esperamos. A luz estava bela e me fez lembrar um outro motivo para querer passar em casa antes, a minha câmera fotográfica. Não é todo dia que desfrutamos o pôr do Solar. Esperamos. Ligo para professora, quero ver o filme, ela não atende. Paciência, deve ter acontecido algum imprevisto. Decido, então, ver a exposição de Pierre Verger, no MAM. Mais saudades da câmera, menos também. Decidimos ir. Aproveito a companhia da turma e vou deixando o Solar do Unhão, não quero sair sozinho pois estava escurecendo. Nada da professora. Isso me entristeceu um pouco, mas fiquei feliz pelos presentes por ela enviados. O mar da baía com suas calmas águas iluminadas pela dourada luz de um sol sem pressa em se esconder, Verger e fotografias mentais, uma verdadeira aula de percepção, independência, maturidade e (auto)conhecimento.
Paramos, eu e mais três, num posto ao lado do Trapiche Adelaide. Abastecer é preciso e refrescar, necessário. O telefone toca, era a professora. Informo o local onde estávamos e ela vem ao nosso encontro. Explica-se, dar-nos satisfação sobre o incomum atraso. Compreendo. Nem precisava de explicação (eu não disse, é claro) já tinha me comprazido.

Estou na Carlos Gomes, escrevendo sobre meu dia, instantes antes de entrar no Centro Cultural da Caixa para contemplar a “Etnologia da Solidão”. Depois, solitário dentro de um ônibus, escondido na imponência desconcertada da metrópole, suas formas, singularmente retratadas por Reis em branco e preto, sigo pensando... a casa, o banho, o jantar, minhas meninas, a próxima aula de Alena.

Guigo F.G.

5 comentários:

Anônimo disse...

Adorei seu blog... acho interessante a doçura com q vc transmite um cotidiano ou ate mesmo o novo!
Vc eh unico!
BJs e ate a aula!

Anônimo disse...

Alma que se revela em palavra,
Palavras que em silhuetas de tinta empresta a o papel uma alma.
Sonhos e projetos de vida
Palavras escritas luzes da vida.
Escrevendo eu traço um caminho
Rumo ao centro da vida
Um coração pulsa
E assim tento traduzir em palavra uma nobre vida.

Meu querido amigo,
Seu blog esta lindo digno da pessoa maravilhosa que você é. Eu acredito que nunca te disse, mas sonho que nossa amizade seja eterna, pois eu tenho muito orgulho em ter você em meu coração.
Aprendemos muitas lições juntos, temos o mesmo amor pelos versos e pelos livros, cada um com sua vertente, mas nos dois temos almas de trovadores e tenho certeza que a poesia faz parte da nossa alma.

Guigus disse...

Thais, somos todos únicos! Ainda bem, pois seria um tédio sermos todos pessoas iguais.

Dd, você sabe muito bem quais as virudes que me agradam num ser humano e quais as que renego. No mais, só está faltando o seu blog, para tbm poder ter o prazer de visitá-lo...

Anônimo disse...

Vc foi ver a exposição de Marcelo? q maravilha!! Fiquei chateada por perder...mas a próxima com certeza estarei lá. Conheci seu trabalho ano passado..lembro de ter feito uma matéria do agosto..publiquei no overmundo, foi a do Evandro Teixeira, maravilhoso tbm..que passeio excelente! Eu ainda preciso ver o pôr do sol do solar..continue escrevendo!!

Guigus disse...


Fui sim, foi um dia puxado, mas valeu por tudo. O Solar é maravilhoso...